Ansiedade
- Daniela Pupo
- 22 de ago. de 2023
- 4 min de leitura

Tema constante nas sessões de psicoterapia e cada vez mais falado nas redes sociais e mídias, seja por profissionais da área ou em reportagens/posts superficiais de autoajuda, a ansiedade é algo que, apesar de ser um assunto contemporâneo, sempre esteve presente na sociedade e faz parte da vivência de todos nós. A diferença é que, de alguns anos para cá, a saúde mental está sendo uma pauta cada vez mais constante e muita gente começa a entender melhor algumas emoções presentes na vida, começando, assim, a “dar nome aos bois” de certa maneira. A ansiedade, ao lado da depressão, é uma das mais faladas.
Por um ponto de vista, acho bom que existam mais pautas sobre isso, pois faz com que as pessoas se informem, deem valor a sua saúde mental e, consequentemente, busquem ajuda, caso percebam a necessidade. Por outro lado, existe muita informação rasa e, muitas vezes, errada sobre o tema, fazendo com que pessoas se sintam ainda mais perdidas em relação as suas emoções ou encontrem, sozinhas, todos os tipos de diagnósticos que já ouviram falar, simplesmente por um ou outro sintoma (que muitas vezes nem é sintoma, apenas uma característica humana daquele ser) que reconhece em si. No caso da ansiedade não é diferente. Mas de fato, como disse no início, ela faz parte da vida de todos nós.
Quero deixar claro, que aqui vou focar na ansiedade como emoção, e não na ansiedade como patologia. Sim, porque temos muitos transtornos mentais que envolvem a ansiedade excessiva e paralisadora, e temos que ficar atentos a isso, mas, antes de entender qualquer transtorno, ou, até mesmo, de se autodiagnosticar, é importante entender melhor essa emoção, e seus desdobramentos, que está presente na nossa vida, em alguns mais, em outros menos, de maneiras de diferentes e causando consequências diferentes.
A ansiedade, assim como outros sentimentos (medo, tristeza, raiva, etc), não é algo agradável de se sentir. Mas a realidade é que não é preciso estar “doente” ou ter algum transtorno psicológico para senti-la. Ok, então o que fazer? Como sentir menos ansiedade? Como me livrar disso? Muitas perguntas são feitas com o objetivo de estar o máximo possível distante dessa emoção tão temida! Mas será que é possível?
A resposta não é tão simples assim. A ansiedade tem sua função benéfica ( por incrível que pareça) em nossas vidas. Assim como o medo pode nos ajudar a identificar perigo e nos mover a nos proteger, a ansiedade pode nos mover a olhar para o futuro, nos planejar e ir em busca de realizar. Ansiar por algo é pretender algo, almejar algo, o que pode ser uma fonte de energia muito importante para chegar a algumas realizações. Onde está o problema então? Na medida e na forma como essas emoções são vivenciadas. Pessoas que não possuem nenhum transtorno, podem, sim, perder o controle na vivência de cada emoção, e quando a ansiedade (isso também vale para o medo e todas as outras emoções) é vivenciada de maneira paralisadora, ou seja, que faz com que a pessoa não se mova para direção nenhuma por medo do que pode acontecer ou que gere, até mesmo, alguma neurose, a ansiedade passa a ser disfuncional, e é com esta parte que ninguém quer se encontrar.
Respondendo melhor agora, é possível viver um processo contínuo na vida que faça com que você se encontre algumas vezes com essa ansiedade disfuncional, e consiga lidar com ela. É possível encontrar uma maior estabilidade desse sentimento, podendo usufruir dele, às vezes, como uma energia mobilizadora. Mas não é simples. O que não falta são dicas de exercícios de respiração, atividade física, meditação, etc para ajudar e, sim, podem ajudar muito. Mas ajuda no sintoma, quando você está em um momento que gera muita ansiedade ou na hora de uma crise, mas não ensina você a lidar com a sua própria forma de manifestar a ansiedade.
Esse é um dos motivos pelo qual eu “bato tanto na tecla” do autoconhecimento. Às vezes, uma prática que funciona para a minha ansiedade pode não funcionar para você e vice-versa, ou, talvez, tenha que ser feita de outra forma para funcionar. Se conhecer melhor é fundamental para não se assustar tanto quando esse se

ntimento de ansiedade chega, fazendo com que a pessoa não entre em desespero, podendo evitar, até mesmo, uma crise. E quando a ansiedade for grande, o autoconhecimento ajuda a usar melhor as tantas ferramentas e atividades que podem ajudar a conter os sintomas desconfortáveis que são gerados por ela.
Para quem tem algum transtorno psicológico/psiquiátrico que envolva a ansiedade, o recomendado é que, além de estar em um processo terapêutico, haja um acompanhamento psiquiátrico também (lembrando que é o psiquiatra que vai diagnosticar e receitar qualquer medicamento). Para os que não têm, a psicoterapia pode ajudar e muito no processo de autoconhecimento e a saber lidar melhor com a ansiedade, resultando em uma melhor qualidade de vida, sendo, eventualmente, recomendado o acompanhamento psiquiátrico (vai depender muito do caso e do momento do paciente).
